Ir para o Conteúdo

Candelária, 19 de Março de 2024


Início do Conteúdo

História


O território que é hoje reconhecido como um depositário de fósseis de animais pré-históricos também tem na ocupação humana uma trajetória histórica muito rica. A história de Candelária remonta a novembro de 1633, data estimada da fundação, pelo jesuíta espanhol Pedro Mola, da Redução Jesus Maria. Situada no local hoje conhecido como Trincheira, na localidade de Linha Curitiba, a cerca de 3,5 km da cidade, a povoação de índios é uma das 18 fundadas na primeira fase das reduções. Elas surgiram em decorrência do acordo firmado, em 4 de julho de 1626, entre o então governador da Província do Rio da Prata e a Companhia de Jesus.

 

A Redução Jesus Maria é a que mais prosperou entre todas da primeira fase. Estima-se que tenha abrigado uma espécie de cidade, formada por aproximadamente seis mil índios. Este contingente da nação Tupi-Guarani apresentava condições de vida bastante favoráveis, pelo menos no aspecto da subsistência. Além de se dedicar à agricultura, cultivando produtos como trigo, milho e mandioca, os índios possuíam grandes rebanhos de bovinos, suínos e ovinos. Por seu grande porte, a redução candelariense acabou sendo alvo da ação dos bandeirantes paulistas, que desciam ao sul com o objetivo de aprisionar índios e transformá-los em escravos.

 

Tal circunstância tornou marcante o sistema de defesa montado pelos jesuítas em Jesus Maria, não só no que diz respeito às fortificações (trincheira e paliçadas) e armamentos, como no adestramento militar ministrado aos índios por especialistas em operações de guerra. Isto justifica como foi possível para padres e índios resistirem à poderosa bandeira do bandeirante Raposo Tavares durante seis longas horas (das 8h da manhã às 14h). A batalha que pôs fim à Redução Jesus Maria foi travada no dia 3 de dezembro de 1636, encerrando com requintes de heroísmo o primeiro capítulo da história de Candelária.

 

Já em 1862, João Kochenborger e Jacob Welsch, filhos de imigrantes alemães que moravam em Rio Pardo, decidiram tentar construir a vida em novas terras. João Kochenborger passou a residir na atual Linha Curitiba e, anos depois, construiu o aqueduto, que conduzia água captada no Arroio Molha Grande para mover um engenho de serra e um moinho de milho e trigo. Jacob Welsch foi morar onde hoje é a rua Dr. Middendorf, logo depois adquiriu terras na Linha Passa Sete, onde se estabeleceu, criou sua família e viveu o resto da vida.

 

O crescimento da povoação foi rápido, não só a pecuária dava suporte à economia, mas também a agricultura passou a ser preponderante. O comércio crescia e surgiam as primeiras indústrias. Foi tão significativo o desenvolvimento que, em 9 de maio de 1876, o distrito foi elevado para a categoria de Freguesia, com invocação de Nossa Senhora de Candelária. Quando chegou o século XX o núcleo urbano já contava com cerca de 150 moradores, a maioria estabelecida ao longo da rua do comércio, que hoje é a nossa Avenida Pereira Rego.

 

Em 1924 reuniões no Clube Rio Branco marcavam a tentativa dos republicanos de emancipar Candelária. Foi um movimento precedido de medidas criteriosas, orientadas pelo Coronel José Antônio Pereira Rego, chefe da política republicana de Rio Pardo, e contava também com o apoio do então Presidente do Estado e chefe do Partido Republicano, Dr. Borges de Medeiros. O decreto de criação de Candelária deu-se em 7 de julho de 1925. Nesta data o presidente do Estado, Borges de Medeiros nomeava Intendente para o município criado, o Sr. Albino Lenz. Nascia um município com vocação para o desenvolvimento.